quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Podridão

Os Pessoas que derrotaram o comunismo

O cinismo derrotou o comunismo,
Gente que disse sim pensando não
Não fez nada a não ser obedecer
Cumprindo o mais devagar que podia o seu dever.
Lutando no silencio, boicotando!
Sim boicotando quando ninguém estava a ver,
Minando até apodrecer a ditadura, com que tinha que viver.

Foi de surpresa que caiu,
O grande estado eterno.
Todos tinham percebido
As elites e as plebes,
Que o sistema não batia certo
Contava mentiras sem um resquício de verdade
Ninguém acreditava mas todos fingiam
Fingiam acreditar. E fingiam tão bem!
Que se acreditava que o sistema estava bem.
Nem valia a pena sondar opiniões
Pois todos sabiam as lições
E não discordavam da ideologia
Se não morriam de alergia
Ou de outra doença na moda nesse dia.
Pois o sistema tinha evoluído
E estava fora de moda eliminar a dissidência por hipotermia.

JN – Setembro 2009


Ao contrario do prometido, o George Young não terminou o futuro grande romance, que promete ser uma ode à estupidez “A Tribo dos Cromos” e regressa com histórias para crianças.


A Epopeia das Rosas

No jardim da hipocrisia
Florescia a demagogia,
Nasceu uma linda rosa
Sem a cor que o chefe queria.

Era uma linda rosa branca
Que irradiava energia.
Mas a magia da beleza
Não alegrou sua alteza,
Queria rosas cor de rosa
De acordo com a sua prosa.

Ordenou ao jardineiro
Para trabalhar o dia inteiro.
Ou fazia rosas, cor de rosa.
Ou ia para o galheiro.

O pobre jardineiro
Trabalhou o dia inteiro.
E foi mesmo por magia
Que no fim do mesmo dia,
Floresceram, muitas rosas,
Mas nenhuma cor de rosa.

Eram todas tão bonitas,
Que o pobre jardineiro
Chorou de alegria,
Mas chegou o chefe a correr
E começou logo a tremer.
Umas rosas eram vermelhas
Outras da cor de uma laranja.

Chamou logo o pessoal,
Para remediar o mal,
Surgiu logo uma ideia
Que era mesmo genial
Vamos pintar as lindas rosas
Com um rosa cor de rosa
E não vai ficar nada mal.

Pintaram-se as lindas rosas
Com um rosa, cor de rosa,
Mas veio o orvalho da noite
E desbotou a pintura,
Surgiu um rosa choque
Da cor de uma ditadura.

Chegou uma linda senhora
E disse ao chefe com ternura
Que coisa tão horrorosa.
Desperta recordações de amargura

Surgiu logo a decisão
Vamos dar as lindas rosas
Uma segunda demão.

Mas com tanta tinta tóxica,
Desfizeram-se as lindas rosas
Em lindas pétalas cor de rosa.
Desfez-se uma a uma
E não sobrou uma para amostra.
A história já ficava famosa
Começando a chacota
A por muitos dentes à mostra.

Já a entrar em desespero
Reúne o chefe em segredo
A sua cara metia dó
Mas a gente tinha medo.
Apareceu o secretário,
Com a sua cara de otário
E disse muito assustado,
Que havia muito papel no armário
Cor de rosa muito rosa.

Disse o chefe ofegante:
Já tenho a solução brilhante,
Vamos fazer rosas de papel,
Será uma cópia fiel.
Corram todos para o armário
Justifiquem o salário.

Fizeram lindas rosas
Mas surgiu uma chuva impiedosa
Que destruiu o papel.
Com toda esta trapalhada
Surgiu uma grande gargalhada.
Tão grande que não se ouvia mais nada!

E o chefe em desespero,
Mandou arrasar o jardim
Com uma injecção de cimento
Colocou lá um projecto pin.
E o seu cérebro pensou assim
Com a comissão que sobra para mim
Vou gozar a reforma
Quando ninguém se lembrar de mim...